Vida e Obra de um Grande Líder
O prefeito Dr. Emílio de Vasconcelos Costa
(Dr. Milito)
 

Emílio Vasconcelos Costa nasceu na fazenda do Macacos, na região da cidade de Cachoeira da Prata, no dia 20 de novembro de 1910, tendo sido registrado na cidade de Sete Lagoas, pois, à época, as crianças nascidas nas adjacências eram aqui registradas.

Teve por esposa na Dra. Amanda Brant Costa, valente e sensível companheira e a 3ª mulher formada na Universidade Federal de Minas Gerais, em direito.

Seu pai, José Antônio Alves Costa, foi fazendeiro e tropeiro. Levava grandes tropas de animais para Goiás, conduzindo sal e de lá trazendo fumo para o comércio de Sete Lagoas. Faleceu jovem, com apenas 33 anos, por doenças adquiridas, como malária e febre amarela, nas grandes viagens que duravam seis meses, de nossa região até Goiás.

Fazenda dos Macacos
Deixou sua esposa, Maria José de Vasconcelos Costa, conhecida por Dª Marocas, viúva, veio para Sete Lagoas, onde exerceu, de forma incansável, a função de costureira, trabalhando durante o dia e à noite, para fornecer o seus três filhos, Emílio Vasconcelos Costa, José Antônio Vasconcelos Costa e Dilma Vasconcelos Costa. Os dois primeiros formaram-se em direito, e sua filha Dilma estudou no renomado colégio Santa Maria, em Belo Horizonte.

José Antônio Vasconcelos Costa foi eficiente prefeito da cidade de Uberlândia, deputado federal por três mandatos, na época, o mais votado no Brasil, com 100 mil votos. Emilio Vasconcelos Costa, seu filho mais velho, foi aprovado em concurso para Promotor de Justiça e nomeado nesta função para a cidade de Conselheiro Lafaiete, onde, também, no ginásio local dava aulas de História Universal, matéria da qual era proferido conhecedor. Por oito anos exerceu, com grande competência, as suas funções em Conselheiro Lafaiete, deixando ali proferidas amizades.

Naquele tempo os prefeitos não eram eleitos, havia sido determinado, durante o Estado Novo do Presidente Getúlio Vargas, que seriam nomeados como interventores municipais, pelos governadores de Estado.

Assim, em 3 de janeiro de 1945, a convite do Governador Benedito Valadares, Dr. Emílio assumiu a Prefeitura de Sete Lagoas, nela permanecendo até setembro de 1945, quando afastou-se por razões pessoais.

Foi novamente convidado, retornando ao cargo, como prefeito de Sete Lagoas, em 11 de fevereiro de 1946, onde permaneceu até 30 de outubro do mesmo ano, afastando-se para disputar as eleições para deputado estadual, pelo PSD, Partido Social Democrático, quando foi implantada a Novas Constituição Federal e Estadual, o que transformou Dr. Emilio em um dos poucos deputados constituintes do nosso Estado.

Em 1950, elegeu-se novamente deputado estadual. Em 1955, pela terceira vez, tornou a se eleger.
Durante essas legislaturas, exerceu várias e importantes funções, como o de: Relator da Constituição de 1946, Presidente da Comissão de Justiça, vice-líder do Governo e, por várias vezes, líder do Governo de Juscelino Kubitschek no legislativo mineiro.

Era apontado como um dos melhores oradores que havia passado pela Assembléia de Minas Gerais. Sua oratória era lúcida firme, objetiva, e sua larga cultura permitiu-lhe entremeá-la por fatos históricos de grande relevância e significado, o que atestava o seu grande conhecimento da História Universal, conhecimento, também, reconhecido em carta enviada ao seu filho, Sérgio Emílio de Vasconcelos Costa, pelo Presidente Juscelino Kubitschek, por ocasião da inauguração do seu busto, em praça pública, em Sete Lagoas.

Com a sua oratória eloqüente e romântica criou o slogan "Cidade dos Sete Lagos encantados". Na ilha do Milito lá estão, imprimidos no bronze, por seu filho Sérgio Emílio, versos de sua autoria: "Eternas serão as flores de nossos jardins, as águas de nossos lagos e eternamente ficarão aqueles homens que fizeram pelos menos felizes".

Como deputado, juntamente com o Governador Juscelino Kubitschek, alcançava os mais relevantes atendimentos para a nossa cidade e região, mais tarde, com Juscelino na Presidência do Brasil os benefícios se concretizavam.

Apesar do pequeno período em que permaneceu à frente dos destinos de nossa cidade, apesar da conturbada época, 2ª Guerra Mundial, o que propiciava infinitas dificuldades para a administração que não podia receber recursos, verbas e nem mesmo combustível para seus veículos, soube ao Dr. Milito suplantar os inúmeros obstáculos daqueles difíceis momentos e efetuar uma administração que se revelou como uma das mais prósperas, profícuas e eficientes da história de nossa cidade. Os obstáculos e as dificuldades eram inimagináveis. Não havia equipamentos como tratores, máquinas, veículos, caminhões basculantes, como hoje existem. Apenas pequenas carroças puxadas por burros.

A abertura de vias-públicas era feita somente pelos braços fortes de nossos operários. Para construir e realizar era indispensável que se tivesse, acima de tudo, determinação, tenacidade e muita coragem.

Num período de guerra, Emílio Vasconcelos Costa, derrubando intransponíveis obstáculos, concluiu obras, em Sete Lagoas, que muitas vezes suplantaram os mais arrojados sonhos de nossa gente.

Para lembrar, a Lagoa Paulino era um pequeno poço na sua área central. Tinha 80% de sua área coberta por juncos e taboas. Em pequeno barco lá ia o nosso prefeito e seus operários, diariamente, arrancando, à mão, aquelas plantas aquáticas que cobriam a água, tirando a beleza de nossa lagoa, que não passava de um brejo abandonado e esquecido. Nos períodos de seca, usando pequenas carroças de tração animal, ele e seus operários, usando pás e enxadas, foram desassoriando e aprofundando o leito da lagoa.

Como o transporte era difícil e moroso, a terra retirada era depositada no aterro da lagoa, formando hoje avenida que lá se encontra e a praça Wilson Tanure, conhecida como a praça do CAT. Chegou o momento em que a terra não cabia mais naquele local. Com inteligência, o prefeito ordenou que se colocasse o restante da terra sobre o próprio leito da lagoa, em determinado lugar, surgindo assim a atual e bela Ilha do Milito, hoje um dos pontos turísticos da cidade.

Outra lembrança: o SAAE não existia. Contávamos apenas com um acanhado departamento de águas. A água para abastecimento da cidade era captada, com grandes dificuldades, de uma nascente do alto da Serra de Santa Helena e já era insuficiente para o abastecimento da população. Foi quando o nosso prefeito, em mais uma demonstração de destemor de dinamismo, mandou que fosse construído o primeiro poço artesiano de nossa cidade.

Depois de sacrifícios e lutas, vimos jorrar água, captada do subsolo de Sete Lagoas, onde foi construído o poço artesiano do Mucuri, com a extraordinária vazão de 1000.000 litros por hora. Essa vazão é a mesma até hoje. Assim, a nossa população, sedenta saciou-se com fartura de água límpida e pura.

E vamos adiante, com outra lembrança.

Os primeiros calçamentos em nossa cidade vieram com a administração do Dr. Milito. A parte mais antiga de Sete Lagoas, no bairro da Várzea, durante as chuvas, ficava inteiramente isolada pelas enchentes. Diante de situação tão absurda, o nosso prefeito conseguiu com a Central do Brasil, hoje Rede Ferroviária, os pranchões e os esteios de madeira, suficientes para a construção, naquele local, da ponte que liga a cidade com a região da Várzea.

Havia um fato a preocupar o prefeito: para se visitar a Serra de Santa Helena durante as festas da igreja, a população era obrigada a fazer um longo trajeto, a pé, por estreitos e íngremes trilhas que cortavam o matagal. Enfrentando mais um desafio, mandou que fosse traçado o percurso. Reuniu-se com seus operários, mestres de obras e secretários. Muniu os operários com pás, picaretas, enxadas e machados que, diuturnamente, rasgavam a Serra de Santa Helena. Sem máquinas e tratores inalcançáveis e inexistentes na prefeitura, com o suor do operário, foi construída a estrada de 3 Km que até hoje lá está, servindo a população.

Está aí uma síntese de um eficiente trabalho que ficou e permanece prestando eficientes serviços à nossa população. As qualidades e competência de um administrador deve ser medida, não somente pelas obras feitas, mas, pelas dificuldades em empreendê-los. Para o nosso Dr. Emílio, quanto maiores os obstáculos, maiores a sua vontade para vencê-los.

O deputado Emilio Vasconcelos Costa.

O que reputamos como importante e indispensável, além de uma vida pública correta, limpa, honrosa e realizadora, não são realizações passageiras, feitas ao toque da caixa e em vésperas de eleições, que depois delas se deterioram e acabam. Mas são obras que ficam e permanecem, atendendo e prestando benefícios, ao longo dos anos, à futuras gerações, de forma eterna.

Assim procedeu Dr. Emílio, que mesmo depois de chamado por Deus, há 50 anos, deixou, entre nós, marcas perenes para o desenvolvimento de nossa cidade e benefício a nossa gente.

Vejamos alguns sonhos tornados por ele reais: durante seus três mandatos legislativos de 1946 até o seu falecimento em 1957 tornou-se ele um dos maiores empreendedores, de nossa história.

Citando exemplos da maior relevância, rememoraremos a atual estrada MG 424. Na época, Juscelino era governador do Estado e Dr. Emílio deputado estadual e seu líder, na Assembléia Legislativa e, como lutador incansável por nossa região, fez estudos e pesquisas com argumentos que convenceram o governador, de que a 1ª estrada asfaltada em Minas Gerais deveria ser a que liga Belo Horizonte à cidade de Sete Lagoas. Seria o primeiro passo para atingir, no futuro, o Norte de Minas até a Chapada dos Veadeiros, na divisa com a Bahia. Juscelino cedendo, frente aos firmes argumentos e apelos do Dr. Emílio ordenou que se asfaltasse a estrada que, naquele tempo, passava por Ribeirão das Neves, Pedro Leopoldo, Matozinhos, Prudente de Morais e Sete Lagoas.

Para que se tenha a idéia da importância dessa estrada, alcançar Belo Horizonte, no período das chuvas, era praticamente impossível, pois o lamaçal não permitia. No período das secas, enfrentava-se insuportável poeira e para vencer a distância, gastava-se 5 a 6 horas. Com a instalação do asfalto, percorremos, hoje, essa mesma distância, em 1 hora. A construção dessa estrada foi, pois, um dos fatores mais importantes para o nosso progresso. Trouxe-nos o comércio, indústrias, empresas e o bem estar ao setelagoano. Quando Dr. Emílio morreu, em 1957, o asfalto já chegava à cidade de Prudente de Morais, e a sua interrupção tornou-se inviabilizada.

Outro notável feito de projeção Nacional e internacional, em Sete Lagoas, alcançado por um trabalho pessoal do deputado Emílio Vasconcelos Costa junto ao presidente Juscelino Kubitschek, no início dos anos 50, foi a instalação, aqui, da EMBRAPA.

Cidades do Triângulo Mineiro, como Uberlândia, disputavam a instalação do Instituto Agronômico, hoje EMBRAPA. Dr. Emílio intervindo convenceu o Governo Federal de que, como já tínhamos uma infra-estrutura formada pela fazenda da EPAMIG, pelo campo de sementes, pelo campo de algodão, e como nos localizávamos numa região de serrado, apropriada para experimentos, aqui deveria ser instalada a EMBRAPA.

Depois de muita luta, muito estudo, muito desejo, obteve o Dr. Emílio autorização, do presidente Juscelino Kubitschek, para a instalação da EMBRAPA, em Sete Lagoas. Antes do seu falecimento tudo já estava autorizado, as obras iniciadas, e depois concluídas, pela iniciativa do ilustre deputado Renato Azeredo que, inclusive, conseguiu que o brilhante arquiteto, Dr. Oscar Niemayer, fizesse o projeto do prédio da administração da EMBRAPA.

A EMBRAPA de hoje se chamava IAO, (Instituto Agronômico do Oeste). Passou, depois a chamar-se IPEACO, hoje, EMBRAPA, que constitui um dos orgulhos nacionais e aqui foi instalada porque existiam um deputado e um presidente da República, sensíveis ao desenvolvimento nacional.

Relembremos, agora, um dos mais importantes acontecimentos, de grande vulto para nós, setelagoanos: a instalação da Cemig. No início dos anos 50 o governador Juscelino colocou, como principal meta, a nova energia-elétrica.

A nossa cidade era iluminada pela ultrapassada e arcaica Ulha Branca. A energia era tão fraca que a iluminação dos postes, na cidade, lembrava mais um cigarrinho aceso, que uma lâmpada elétrica. Bastava a ligação de qualquer aparelho eletro-doméstico em residências era o bastante para que a energia fosse cortada. Ficava, por isso, inteiramente inviabilizada a instalação de qualquer indústria.

Novamente, Dr. Milito recorre ao governador Juscelino que julgando-lhe procedente e justa a reivindicação, determinou que um dos primeiros escritórios da CEMIG fosse, aqui, implantado, e, posteriormente, outros em toda região. Quando hoje, iluminamos as nossas casas, lembramos, com saudade, que já tivemos, outrem, um Presidente como JK, e um deputado como Emílio Vasconcelos Costa. Tinham visão enxergavam longe.

Também, para o nosso progresso, aqui foi instalado o Banco do Brasil, empreendimento arrojado, de dois ilustres e visionários homens, Juscelino e Dr. Emílio. A primeira agência desse Banco aqui foi instalada na rua Luiz Privat, trazendo recursos e financiamentos, especialmente para a agro-pecuária, indústrias e comércio, propiciando-nos significativo desenvolvimento.

Como deputado, Dr. Emílio estabeleceu em Sete Lagoas, escolas, quadras poliesportivas, pontes sobre os córregos, ribeirões e grandes rios. Destacamos a ponte da Taquara, sobre o rio Paraopeba, que é uma das maiores do nosso Estado na época, com 125 metros de extensão, importante investimento desses dois excelentes homens, conforme atesta a placa lá instalada.

Foi assim o Dr. Emílio, homem correto, operoso, brilhante, competente e íntegro.

Ao falecer quase nada deixou para a família de heranças. Apenas uma casa, onde residia, financiada, pelo Ipseng, e um pequeno sítio aqui em Sete Lagoas. Na verdade, não deixou bens materiais, mas valores morais, incomensurável herança.

Deixou para seus filhos a herança de realizações indeléveis, exemplos de dignidade, honradez e honestidade humanas. Foi um marco do progresso.

Passarão mais 50 anos e ele será ainda lembrado, pelo reconhecimento público, por seus méritos e qualidade. Firmada está a sua lembrança em ruas que têm o seu nome, como em Belo Horizonte, no bairro Cruzeiro, 22 cidades têm o seu nome, vias-públicas, escolas e praças chamam-se Emílio Vasconcelos Costa.

Em sua terra, Sete Lagoas, nomeia a principal avenida da cidade, a Escola Estadual, o estádio do Ideal Esporte-clube, a bela ilha da Lagoa Paulino, onde erguido está o seu busto, indestrutível, como indestrutível no conceito daqueles que o conheceram, por ter cumprido tão árdua missão.

Há ½ século de seu falecimento, cidadãos percorrem estradas asfaltadas, empregos foram gerados, tecnologia implantada pela Embrapa.

Muitos cidadãos ao acenderem as lâmpadas de suas casas, poderão se lembrar de que um dia esteve nestas paragens um homem iluminado.

Será que nova era inicia-se?
Será que homens ilustres retornam?

Seguindo o seu exemplo e ensinamento, o seu filho Sérgio Emílio, já exerceu, com todo acerto e competência um mandato como vereador, três mandatos como deputado estadual, e, dois mandatos, como prefeito nesta cidade. O seu neto Mário Sérgio (Guego), exerceu com destaque o cargo de vereador neste município.

Acena-nos já, graças a Deus, seu sucessor e neto, Emílio de Vasconcelos Costa. Traz seu mesmo nome, evidentes estão nele a sua honradez, dignidade e coragem, herdadas pelo sangue.

Conduzido por Deus, prossiga!
Avante!
Para o bem da nossa gente.
   
 
 
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